Giacomo Borlone de Buschis, O triunfo da morte a reunião dos três vivos e
dos três mortos. Parte superior de afresco na cidade de Clusone (Italia),
século XV.
Na Europa medieval cristã, prevalecia a ideia de que a
morte era a transição para uma vida espiritual plena. Os
ritos fúnebres buscavam assegurar uma passagem
organizada para esse outro plano e evita-se mostrar o
processo de decomposição dos corpos. A chegada da
peste negra rompeu com essa concepção. De acordo com
a historiadora Juliana Schmitt, a doença deixava marcas no
corpo, as pessoas morriam de repente, algumas em locais
públicos. A ideia apaziguadora da morte, na concepção
cristã, foi substituída pela ideia de morte caótica, causada
pela peste. As imagens cotidianas relacionadas ao surto da
doença passaram a ser reapresentadas no campo das
imagens e na literatura, no que hoje se conhece como
“estética macabra”. O que caracteriza as obras macabras é
a ênfase dada aos processos de decomposição do corpo.
A estética é anterior ao período medieval, mas foi
impulsionada pela peste negra.
(Adaptado de Christina Queiroz, Pandemia como alegoria. Revista
Pesquisa Fapesp. Edição 294. ago. 2020.)
Com base na imagem e no excerto, assinale a alternativa
correta:
a) A peste negra, enfrentada pela Europa do século XIV,
afetou as representações da morte nas artes visuais,
propondo reflexões sobre o potencial das ciências
modernas para a resolução da peste à época.
b) A estética do macabro, criada na Idade Média, é
acionada pelas artes visuais como elemento
valorizador da vida, gerando a negação dos contextos
sanitários marcados pela peste e pela morte.
c) A estética do macabro declinou no período medieval,
ficando restrita a um ambiente religioso, católico e
temente ao juízo final, como apresenta a obra através
das figuras dos reis e das autoridades religiosas.
d) A peste negra tornou-se uma referência presente na
estética do macabro, que faz alusão a caveiras e
cadáveres entre os vivos, compondo um ambiente
festivo e aterrador.