“Segundo levantamento de Marcos Figueiredo, entre 1964
e 1973 foram punidas, com a perda dos direitos políticos,
cassação de mandato, aposentadoria e demissão, 4.841
pessoas, sendo a maior concentração de punidos em 1964,
1969 e 1970. Só o A-l atingiu 2.990 pessoas. Foram
cassados os mandatos de 513 senadores, deputados e
vereadores. Perderam os direitos políticos 35 dirigentes
sindicais; foram aposentados ou demitidos 3.783
funcionários públicos, dentre os quais 72 professores
universitários e 61 pesquisadores científicos. O expurgo nas
forças armadas foi particularmente duro, dadas as divisões
existentes antes de 1964. A maior parte dos militares, se não
todos, que se opunham ao golpe foi excluída das fileiras.
Foram expulsos ao todo 1.313 militares, entre os quais 43
generais, 240 coronéis, tenentes-coronéis e majores, 292
capitães e tenentes, 708 suboficiais e sargentos, 30 soldados
e marinheiros. Nas policias militar e civil, foram 206 os
punidos”.
CARVALHO, José Murilo de. Cidadania no Brasil: o longo caminho. 7
ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005, p. 164.
A cassação dos direitos políticos e a aplicação de uma série
de medidas punitivas e repressivas contra políticos,
professores, sindicalistas, líderes da sociedade civil
organizada e mesmo militares delineou as ações realizadas
após o golpe militar de 1964. A perda dos direitos políticos,
a cassação de mandato, a aposentadoria compulsória e a
demissão de funcionários públicos civis e militares buscava
a) combater a infiltração comunista entre militares e civis,
para evitar a instalação do bolivarianismo no Brasil.
b) combater a corrupção de funcionários públicos militares
e civis, que desviavam recursos do Estado.
c) combater a influência política na administração pública
civil e militar e implantar a gestão empresarial no
Estado.
d) combater a oposição ao golpe de Estado e, assim, obter
mais facilidade para exercer o poder.
e) combater os funcionários fantasmas que, nomeados para
cargos públicos, recebiam salários sem trabalhar.