Em outubro de 1975, no curso de uma onda repressiva,
o jornalista Vladimir Herzog, diretor de jornalismo da
TV Cultura de São Paulo, foi intimado a comparecer
ao DOI-CODI, Herzog apresentou-se ao DOI-CODI e
dali não saiu vivo. Sua morte foi apresentada como
suicídio, uma forma grosseira de encobrir a realidade:
tortura seguida de morte. (...) Poucos meses mais
tarde, em janeiro de 1976, o operário metalúrgico
Manoel Fiel Filho foi morto em circunstâncias
semelhantes às de Herzog. Mais uma vez, a versão
oficial era de suicídio por enforcamento.
FAUSTO, Boris. História Concisa do Brasil. São Paulo: Editora
da Universidade de São Paulo, Imprensa Oficial do Estado, 2002,
pp. 271-272. Adaptado.
As mortes do jornalista Vladimir Herzog e do operário
Manoel Fiel Filho evidenciavam que a abertura lenta,
gradual e segura proclamada pelo presidente Ernesto
Geisel encontrava resistência no aparelho repressivo
da Ditadura Militar (1964 — 1985). As mortes de
Herzog e Manoel Fiel Filho repercutiram socialmente
em um contexto de expectativa para o encerramento
do regime autoritário, com
a) aação da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB),
instituições religiosas e setores da sociedade civil, que
denunciaram a tortura e o assassinato político como
instrumentos de repressão do Estado brasileiro.
b) a indiferença da sociedade civil organizada,
incapaz de se articular frente ao uso sistemático da
tortura e do assassinato como formas de controle da
oposição política.
c) a indignação dos partidos políticos de oposição,
que articulados à Igreja Católica, apresentaram um
projeto de lei abolindo o uso sistemático da tortura e
do assassinato como formas de controle da oposição
política.
d) a mobilização dos sindicatos que promoveram
greve geral que paralisou a economia brasileira em
1976, em protesto contra o uso sistemático da tortura
e do assassinato como formas de controle da oposição
política.
e) a intensificação do uso sistemático da tortura e do
assassinato como formas de controle da oposição
política, em razão da incapacidade da sociedade civil
de reagir as mortes de Wladimir Herzog e Manoel Fiel
Filho.