O primeiro recenseamento geral do Império foi realizado
em 1872. Nos recenseamentos parciais anteriores, não se
perguntava sobre a cor da população. O censo de 1872,
ao inserir essa informação, indica uma mudança, orientada
por um entendimento do conceito de raça que ancorava a
cor em um suporte pretensamente mais rígido. Com a
crise da escravidão e do regime monárquico, que levou ao
enfraquecimento dos pilares da distinção social, a cor e a
raça tornavam-se necessárias.
(Adaptado de lvana Stolze Lima, Cores, marcas e falas: sentidos da
mestiçagem no Império do Brasil. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2003,
p. 109, 121.)
A partir do enunciado, podemos concluir que ha um uso
político na maneira de classificar a população, já que
a) o conceito de raça permitia classificar a população a
partir de um critério mais objetivo do que a cor,
garantindo mais exatidão nas informações, o que era
necessário em um momento de transição para um
novo regime.
b) no final do Império, o enfraquecimento dos pilares
da distinção social era causado pelo fim da
escravidão. Nesse contexto, ao perguntar sobre a
raça da população, o censo permitiria a elaboração
de políticas públicas visando à inclusão social dos ex-
escravos.
c) a introdução do conceito de raça no censo devia-se
a uma concepção, cada vez mais difundida após
1870, que propunha a organização e o governo da
sociedade a partir de critérios objetivos e científicos,
o que levaria a uma maior igualdade social.
d) no final do Império, a associação entre a cor da pele
e o conceito de raça criava um novo critério de
exclusão social, capaz de substituir as formas de
distinção que eram próprias da sociedade escravista
e monárquica em crise.