O poeta Olavo Bilac, numa carta endereçada a um amigo em
1887, construiu uma imagem negativa da cidade onde residia,
São Paulo, que, segundo ele, era
uma bexiga. Isto não vale dois caracóis (...) Não posso viver
numa terra onde só há frio, garoa, lama, republicanos, se-
paratistas e tupinambás.
Decênios depois, Patrícia Galvão (Pagu) apresentava uma
cidade diferente:
São Paulo é o maior centro industrial da América do Sul:
o pessoal da tecelagem soletra no cocoruto imperialista do
[bonde] “camarão”. A italianinha matinal dá uma banana
pro bonde.
(Parque industrial, 1933.)
Da data da carta de Bilac ao ano da publicação do livro de
Pagu, houve em São Paulo modificações provocadas
(A) pelos lucros advindos da exportação de produtos manufa-
turados e pela consolidação da república democrática.
(B) pela proteção governamental da indústria têxtil, em
prejuízo da economia agro-exportadora.
(C) pela expansão da mão-de-obra assalariada e pelo cresci-
mento do mercado consumidor interno.
(D) pela implantação da indústria siderúrgica e pela eficácia
das leis estatais anti-imigratórias.
(E) pela instalação das primeiras linhas de estradas de ferro
e pelo comportamento submisso dos operários.