Tem-se muitas vezes a impressão de que o clero detém o monopólio da cultura
na Idade Média. O ensino, o pensamento, as ciências, as artes seriam feitas por
ele, para ele ou pelo menos sob sua inspiração e controle. Trata-se de uma
imagem falsa e que exige profunda correção. A partir da revolução comercial e
do desenvolvimento urbano, grupos sociais antigos ou novos descobrem outras
preocupações, têm sede de outros conhecimentos práticos ou teóricos diferentes
dos religiosos, criam instrumentos de saber e meios de expressão próprios.
LE GOFF, Jacques. Mercadores e banqueiros na Idade Média. Lisboa: Gradiva, s.d, p. 77.
(Adaptado).
A historiografia costuma associar as transformações econômicas ocorridas na crise do
feudalismo na Europa Ocidental ao surgimento do mundo moderno. A citação do historiador
medievalista Jacques Le Goff reforça essa ligação, uma vez que a revolução comercial
A)
B)
arrefeceu a atividade evangelizadora da Igreja nas terras do Novo Mundo, uma vez que
os comerciantes que financiavam os jesuítas preferiram concentrar seus negócios nas
fronteiras da Europa e no norte da Africa.
transformou a Igreja em uma das principais apoiadoras da expansão comercial em
curso, reforçando os laços com a burguesia ascendente na luta contra os privilégios
feudais da nobreza.
acelerou o processo de reforma interna da Igreja Católica, que passou a admitir que a
busca pelos lucros e pela acumulação de capital não eram atividades que contrariavam
a fé religiosa, conforme acreditava a nobreza.
traduziu-se na aceleração do processo de secularização do mundo, em que os poderes
religiosos passaram a ser confrontados, sem desaparecerem por completo, com novas
interpretações sobre o mundo e a realidade dos homens.