Considere o fragmento a seguir:
Recusar a irredutível necessidade de uma ordem política enquanto tal, negar, em especial, que as relações de poder sejam
condição de funcionamento de qualquer cidade moderna, é sem dúvida a mais generosa das tentações, mas também uma das
mais perigosas. Tentação compreensível, pois temos certamente todas as desculpas para assimilar poder à extorsão. Nasce
daí a ideia de extirpar, de vez por todas, o poder político. Ideia radical, que foi revigorada nos dias de hoje: o espetáculo dos
totalitarismos tem de tudo para fazer-nos inimigos de qualquer poder, isto é, libertários. No século XIX, esta ideia se impunha
por uma razão diferente: a preponderância, evidenciada, do econômico, inclinava os espíritos a considerar a instância do poder
político como arcaica e supérflua.
(LEBRUN, Gérard. O que é poder. São Paulo: Brasiliense, 2004. p. 42.)
No livro “O que é poder”, Gérard Lebrun enfrenta diferentes modos de conceituação do poder na teoria política e social
com o objetivo de aclarar, em suas palavras, “alguns preconceitos e abandonar algumas evidências”. Para Lebrun, é
correto afirmar que:
a) aideia de poder presente nos regimes totalitários e na preponderância do poder econômico é a razão pela qual devemos
banir qualquer forma de poder.
b) o Estado, enquanto esfera autônoma de poder, deve ser mínimo o suficiente para garantir as liberdades civis e o
funcionamento da economia.
c) há uma inseparável união entre os detentores do poder econômico e os detentores do poder político, sendo necessário
substituir a classe dominante pela classe dominada.
d) a organização política moderna não funciona sem alguma forma de dominação, no entanto o problema político é encontrar
a melhor maneira de adequá-la aos valores escolhidos por uma sociedade.
e) a dominação está associada à proibição, à repressão, revelando a face violenta de um poder que é externo ao indivíduo e
impõe limites a sua liberdade.