Leia atentamente os seguintes excertos a
respeito da atuação da Igreja Católica no Brasil na
década de 1960:
“Certamente sem querer, a ditadura contribui
bastante para a conscientização do clero e bispos
em algumas áreas. O caso de D. Paulo Evaristo
Arns, cardeal-arcebispo de São Paulo [...] é bem
expressivo. [...] Em 1964, simpatizou com o golpe,
como a maioria dos religiosos. [...| Como em todo o
Brasil, a repressão agiu brutalmente em São Paulo,
sobretudo após o AI-5, e logo D. Evaristo passou a
receber denúncias e mais denúncias de famílias de
mortos, “desaparecidos”, mutilados. A exemplo de
D, Waldyr, ele “não podia ficar parado”.
Gradativamente, tornou-se um de nossos bispos
mais corajosos, combativos e identificados com a
causa do povo”.
SALEM, Helena. Dos palácios à miséria da periferia. In:
SALEM, Helena (Org.). A Igreja dos Oprimidos. Col. Brasil
Hoje nº 3. São Paulo: Ed. Brasil Debates, 1981, p.33.
“Em 1964, enquanto a maioria do episcopado
defendia o golpe de Estado, iniciavam-se
perseguições políticas, inclusive entre padres e
outros religiosos, forçando gradativamente a
hierarquia a assumir a defesa desses setores. Se a
ala conservadora se encarregava de aproximar a
Igreja do Estado, os setores progressistas
participavam de passeatas e manifestações em
oposição ao regime, num “processo educativo em
que as bases educam seus dirigentes”.
DOIMO, Ana Maria. Movimento Social Urbano, Igreja e
Participação Popular. Petrópolis, RJ: Vozes, 1984, p.34.
A partir dos textos acima, pode-se concluir
acertadamente que
A) a Igreja Católica apoiou o início da ditadura
militar iniciada em 1964, mas, a partir dos atos
praticados pelos governos do período,
nasceram dentro dela movimentos de oposição
ao regime.
B) apesar de alguns opositores ao regime militar
aparecerem no início do periodo ditatorial, não
houve, ao longo dos 21 anos de governos
militares, nenhuma oposição dentro da Igreja.
C) todos os setores da Igreja Católica, inclusive
aqueles ligados à TFP (Tradição, Familia e
Propriedade), participaram ativamente dos
movimentos que visavam derrubar o regime
autoritário instalado em 1964.
D) como em tantos outros momentos da nossa
história, a Igreja Católica, assim como outras
igrejas cristas, nao se envolveu em questões
políticas, deixadas ao encargo dos leigos.