Atente para o seguinte excerto:
“A miscigenação que largamente se praticou aqui
corrigiu a distância social que de outro modo se teria
conservado enorme entre a casa-grande e a senzala.
O que a monocultura latifundiária e escravocrata
realizou no sentido de aristocratização, extremando a
sociedade brasileira em Senhores e escravos, com
uma rala e insignificante lambujem de gente livre
sanduichada entre esses dois extremos antagônicos,
foi em grande parte contrariado pelos efeitos sociais
da miscigenação. A índia e a negra-mina a princípio,
depois a mulata, a cabrocha, a quadrarona, a
oitavona, tornando-se caseiras, concubinas e até
esposas legítimas dos senhores brancos, agiram
poderosamente no sentido de democratização social
do Brasil. Entre os filhos mestiços, legítimos e mesmo
legítimos, havidos delas pelos Senhores brancos,
subdividiu-se parte considerável das grandes
propriedades, quebrando-se assim a força das
sesmarias feudais e dos latifúndios do tamanho de
reinos”,
FREYRE, Gilberto. Casa-Grande & Senzala: formação da
família brasileira sob o regime patriarcal. 522 ed. São Paulo:
Global, 2013.
O socidlogo brasileiro Gilberto Freyre aponta, na
citação acima, a criação de uma “democracia racial”
na história da relação entre senhores e escravos no
Brasil escravocrata. Assim, mesmo que se possa
criticar tal concepção, a perspectiva teórico-
sociológica de Freyre afirma que
A) a miscigenação na história do Brasil foi positiva,
pois aproximou a Casa-Grande e a Senzala ou
senhores e escravos.
B) a escravidão e o latifúndio da monocultura
açucareira lançaram distâncias sociais
insuperáveis entre senhores e escravos.
C) foram os homens negros, e não as mulheres
negras, os principais responsáveis pela criação
da democracia racial no Brasil.
D) os negros e os brancos em conjunto, no período
colonial, constituíram uma vigorosa democracia
social de governo da sociedade.