Freyre (2013) afirmava que a sociedade
brasileira, embasada historicamente nos dois
extremos antagônicos, a Casa-Grande e a Senzala,
foi sendo constituída em vários sentidos sociais de
forma democrática, flexível e plástica, uma vez que
a formação social brasileira não se processou no
puro sentido da europeização ao entrar em contato
com as culturas indígena e africana. A nossa
sociedade, insiste este autor, foi formada em um
“processo de equilíbrio de antagonismos” que tem
como um dos seus fundamentos a relação entre os
Senhores (homens) e as escravas (mulheres) nos
períodos colonial e monárquico. Os extremos
antagônicos teriam sido contrariados pelos efeitos
sociais da miscigenação que ocorreu de início por
parte dos Senhores que sem “escrúpulos de raça” se
relacionavam com suas escravas em “coitos para
sempre danados, de brancos com pretas, de
portugas com índias”. Os portugueses colonizadores
possuíam essa capacidade de miscibilidade e
misturavam-se “gostosamente com mulheres de cor
logo ao primeiro contato”. E para Freyre (2013),
essas relações “danadas” eram, por vezes, pautadas
curiosamente pelo “sadismo” do Senhor e o
“masoquismo de escravo”. Mas, ao fim e assim, a
índia e a “negra-mina” e depois, a “mulata” —
termos de Freyre (2013) - “agiram poderosamente
no sentido da democratização social no Brasil”.
FREYRE, Gilberto. Introdução à história da sociedade
patriarcal no Brasil - 1. Casa-Grande e Senzala:
formação da família brasileira sob o regime da economia
patriarcal. 522º Ed. São Paulo: Global, 2013.
Esta concepção freyriana sobre a formação da
“democracia racial” da sociedade brasileira é
criticada, dentre outras razões, por
A) impedir a difusão dos conhecimentos da cultura
e da religião afro-brasileiras.
B) demonstrar que o racismo sempre existiu e é
persistente em nossa sociedade.
C) diminuir o poder de sensualidade das mulheres
negras, índias e mulatas.
D) amenizar as violências sexuais cometidas
contra as escravas índias e negras.