Nesse texto, Ferreira Gullar
(A)
relata, com a seriedade própria de uma biografia,
sua história pessoal, quando deplora com sutileza e
sensibilidade o fato de viver só, determinante de sua
rotina de conviver com fantasmas e refletir sobre a
vida.
aborda o fato comum de conviver com bicho de es-
timação, descrevendo, com delicadeza de poeta, os
hábitos da gata siamesa, responsáveis definitivos
pelo fato de consentir, depois de anos, com a subs-
tituição do gatinho que tivera anteriormente.
vale-se de linguagem bem-humorada para confessar
que, ao aceitar a gata como presente, se esquivou
ao constrangimento de negar uma oferta da amiga,
situação desconfortável potencializada pelo fato de
ela ser, como ele, pessoa famosa.
comenta, em linguagem que reproduz a simplicidade
da vida cotidiana, a relação exclusiva que tem com a
gatinha, circunstância em que se mostra vaidoso pe-
la própria habilidade de fazer amigos, sejam animais
ou não.
fala de uma situação miúda da vida — a atenção que
dá ao repouso da gata siamesa na poltrona da sala
—, Ocasião em que ele, se comportando como se es-
tivesse sendo instigado pelos seus fantasmas, dá à
cena um sentido peculiar.