Com o desenvolvimento do capitalismo, os homens tornaram-se iguais; as diferenças de casta e religião, que outrora
haviam sido fronteiras naturais a impedir a unificação da raça humana, desapareceram, e os homens aprenderam a identifi-
car-se uns aos outros como seres humanos. O mundo ficou cada vez mais emancipado de elementos mistificadores. Politi-
camente, também cresceu a liberdade. As grandes revoluções da Inglaterra e da França e a luta pela independência norte-
“americana são marcos quilométricos ao longo dessa evolução, cujo ápice foi o moderno Estado democrático, baseado no
princípio da igualdade de todos os homens e no direito igual de todos a participar do governo, através de representantes
de sua própria escolha. Por outro lado, o homem moderno se encontra em uma situação em que muito do que ele pensa
e diz são as coisas que todos os demais pensam e dizem; ele não adquiriu a capacidade de pensar originalmente, isto é,
por si mesmo, a única capacidade que pode dar conteúdo à alegação de que ninguém pode interferir na manifestação de
suas ideias. No capitalismo, a atividade econômica, o sucesso, as vantagens materiais passam a ser fins em si mesmos.
O destino do homem torna-se contribuir para o crescimento do sistema econômico, ajuntar capital, não tendo em vista sua
própria felicidade ou salvação, mas como um fim por si mesmo.
(Erich Fromm. O medo à liberdade, 1968. Adaptado.)
a) Explique qual foi o resultado do desenvolvimento da sociedade moderna na relação dos homens com a religião.
No período moderno, quais foram as transformações ocorridas no campo da política?
b) Explique a contradição apontada no progresso da liberdade humana ao longo do desenvolvimento do capitalismo.
Qual é o significado filosófico de as vantagens materiais serem fins em si mesmas?