As certezas do homem comum, as verdades comuns da
experiência cotidiana, os filósofos vivem-nas, por certo, e
não as negam, enquanto homens. Mas, enquanto filósofos,
não as assumem. Nesse sentido em que as desqualificam,
pode-se dizer que as recusam. Desqualificação teórica, re-
cusa filosófica, empreendidas em nome da racionalidade
que postulam para a filosofia. Assim é que boa parte das
filosofias opta por esquecer “metodologicamente” a visão
comum do Mundo, recusando-se a integrá-la ao seu saber
racional e teórico. Não podendo furtar-se, enquanto homens,
à experiência do Mundo, não o reconhecem como filósofos.
O Mundo não é, para eles, o universo reconhecido de seus
discursos. Desconsiderando filosoficamente as verdades co-
tíidianas, o bom senso, o senso comum, instauram de fato o
dualismo do prático e do teórico, da vida e da razão filosó-
fica. Instauram, consciente e propositadamente, o divórcio
entre o homem comum que são e o filósofo que querem ser.
(Oswaldo Porchat Pereira. Rumo ao ceticismo, 2007. Adaptado.)
O “divórcio” entre o homem comum e o filósofo, segundo o
autor, ocorre em função da
(A) negação do homem comum em entender a realidade.
(B) restrição do saber comum no fazer filosófico.
(C) diferença de mundos que buscam compreender.
(D) falta de correspondência factual do saber comum.
(E) proposição de respostas necessariamente divergentes.