Deus criador do universo fixou duas grandes luminárias
no firmamento do céu: a luminária maior para dirigir o dia e a
luminária menor para dirigir a noite. Da mesma maneira, para o
firmamento da Igreja universal, como se se tratasse do Céu, no-
meou duas grandes dignidades; a maior para tomar a direção das
almas, como se estas fossem dias, a menor para tomar a direção
dos corpos, como se estes fossem as noites. Estas dignidades
são a autoridade pontifícia e o poder real. Assim como a Lua
deriva a sua luz da do Sol e na verdade é inferior ao Sol tanto em
quantidade como em qualidade, em posição como em efeito, da
mesma maneira o poder real deriva o esplendor da sua dignidade
da autoridade pontifícia: e quanto mais intimamente se lhe unir,
tanto maior será a luz com que é adomado; quanto mais prolongar
[essa união], mais crescerá em esplendor.
(Apud Luiz Koshiba, História: origens, estruturas e processos)
No documento — escrito pelo papa Inocêncio IT, em 1198 é
correto identificar
(A) a recuperação de um preceito dos primeiros tempos do
cristianismo, que defendia a pureza da alma e a pecami-
nosidade do corpo.
(B) uma associação entre a estrutura moral dos monarcas e a
aprovação dos seus governos pelas autoridades religiosas.
(C) acondenação de todas as teorias que adotavam a cosmo-
logia divina sobre a constituição do poder dos líderes da
Igreja Católica.
(D) uma determinada visão sobre as relações hierárquicas
entre o poder espiritual e o poder temporal no mundo
medieval europeu.
(©) osresquicios de uma concepção da Antiguidade Oriental
que reconhecia a supremacia das religiões monoteistas
sobre o paganismo.