[...] Em virtude do fato de que a imensa maioria de
pueblos e cidadãos são donos somente da terra sob o
seu corpo, sofrendo os horrores da pobreza sem
conseguir melhorar a condição social em qualquer
maneira ou se dedicam à Industria ou Agricultura, pois
as terras, madeira e água são monopolizadas em
poucas mãos, por isso, será expropriado um terço
desses monopólios dos seus donos, com indenização
prévia, para que os pueblos e cidadãos possam obter
ejidos, colônias e fundações para os pueblos, ou os
campos para plantar e trabalhar, e para a prosperidade
e melhorias no bem-estar de todos os mexicanos.
Plano de Ayala. Adaptado e traduzido de John Womack,
Jr., Zapata and the Mexican Revolution. New York:
Vintage Books, 1968, pp. 400-404.
O trecho acima, extraído do Plano de Ayala,
documento redigido por Emiliano Zapata e Otilio
Montaiio, expõe o ideário zapatista para os rumos da
Revolução Mexicana de 1910. É considerado o
primeiro documento revolucionário que colocou a
questão da terra no cerne da luta social.
Sobre a noção de propriedade presente no documento,
é CORRETO o que se afirma em:
a) É tradicional, na qual os pueblos (comunidades)
têm a garantia da propriedade coletiva para configurar
o principal móvel e estímulo à produção, nos moldes
capitalistas.
b) Incorpora a ideologia liberal trazida pela revolução
francesa, e propõe a extinção dos pueblos e ejidos
(propriedade rural de uso coletivo) e dos encargos
sobre as terras.
c) É comunal, de tradição indígena, na qual
a propriedade da terra não é um direito natural, mas
social, e deve ser produtiva, porém, numa lógica de
interesse comunitário.
d) É socialista, uma vez que preconiza a apropriação
coletiva de meios de produção e a propriedade pública,
para transformar a riqueza individual num benefício
coletivo.
e) Incorpora o ideário anglo-saxão, que afirma que o
trabalho exercido pelo homem legitima sua
propriedade, assim como os frutos que dele obtiver.