O circo não é mais o mesmo, respeitável público. A tradição do picadeiro itinerante, da arte hereditária, vem se
transformando. Uma das grandes mudanças foi a partir da segunda metade do século XX, quando os próprios
artistas, preocupados com as exigências da educação formal de seus filhos, decidiram fixar residência. Muitos
reduziram as viagens, mandaram as crianças para a casa de parentes e para uma escola fixa e assumiram um novo
modo de vida. O circo não é mais o mesmo: encontrou outros modos de organizar-se, muito além da lona. Ocupa
espaços nunca antes imaginados, como academias, projetos sociais, oficinas culturais e até hospitais.
No Brasil, grande parte dessa transformação se deve aos próprios artistas que, preocupados ainda com a
continuidade da arte circense, participaram da criação de escolas para a formação das novas gerações. Escolas e
cursos abertos a quem se interessasse. De fato “os próprios artistas foram abrindo o ambiente para outras pessoas e
facilitando esta via de mão dupla. O circo novo' de hoje estabelece-se a partir desta relação com o novo sujeito
histórico”, afirma Rodrigo Mallet Duprat, autor da tese Realidades e particularidades da formação do profissional
circense no Brasil: rumo a uma formação técnica e superior.
Rodrigo investigou a formação do profissional de circo no Brasil, na Bélgica, na França e na Espanha. O objetivo do
trabalho foi entender a pluralidade da formação do profissional de circo de hoje bem como sua atuação em outros
âmbitos, para além do artístico/profissional. A pesquisa foi desenvolvida no programa de pós-graduação em
Educação Física, na área de concentração Educação Física e Sociedade.
Rodrigo entende que atualmente a atividade é exercida por diferentes profissionais como professores de teatro, artes
ou educação física. A tese propõe formação continuada a fim de habilitar o profissional de circo para atuar em todos
os âmbitos, inclusive naqueles que ganharam maior espaço no Brasil nas últimas décadas, como os projetos de circo
social. “Há, no mercado, profissionais híbridos, oriundos de várias áreas de formação, inclusive no circo familiar. Mas,
como falta um curso superior, muitos artistas que começaram nas artes circenses vão para outras áreas do
conhecimento como ciências sociais, dança, teatro, educação física, história... E até bom existir essa amplitude só
que aquele profissional poderia ter a possibilidade de se formar, fazer um curso superior de artes do circo”, defende o
autor da tese. (Adaptado de Patrícia Lauretti, “Tem diploma no circo”, Jornal da Unicamp, nº. 607, 22/09/2014, p. 12.)
a) Em um texto jornalístico, usam-se fontes fidedignas para dar credibilidade às informações. Aponte os tipos
de fontes usados no texto acima e dê dois exemplos de discurso reportado que as identificam.
b) Com base nas informações do texto, descreva o profissional do circo e sua formação nos dias atuais.