De 400 mil a 40 mil anos atrás, pequenos grupos de
neandertais se distribuíram por uma região que hoje abran-
ge a Europa, o oeste da Ásia e o Oriente Médio. Desde o
sequenciamento do genoma neandertal em 2010, os dados
genéticos sugerem com frequência que, em algumas das
ocasiões em que se encontraram, H. sapiens e neandertais
se reproduziram e deixaram descendentes férteis. Por essa
razão, populações humanas atuais sem ancestralidade ex-
clusivamente africana abrigam em seu genoma trechos de
DNA neandertal — não há evidências de que neandertais te-
nham vivido na África. Os especialistas defendem que essa
pequena contribuição [dos neandertais] tenha influenciado
certas características dos seres humanos modernos. Vários
estudos já associaram genes neandertais a traços mais van-
tajosos, como um sistema imune mais robusto [...], ou des-
vantajosos, como maior risco de desenvolver doenças como
diabetes ou depressão. [...]
Aideia de que H. sapiens tenham convivido com neander-
tais não é nova. Antes dos estudos de DNA antigo, já existiam
evidências arqueológicas dessa coexistência no Oriente Mé-
dio e na Europa. Cavernas em Israel e na Jordânia guardam
resquícios de ocupação em sequência das duas espécies.
Além disso, alguns fosseis [...] apresentavam traços mistos
de H. sapiens e neandertal.
(Ricardo Zorzetto. “Laços de família”. In: Pesquisa Fapesp, maio de 2021.)
O texto apresenta resultados recentes de pesquisas sobre a
evolução humana e destaca, entre outros aspectos, a
(A) articulação de conhecimentos obtidos por meio de pes-
quisas científicas de áreas diferentes, na busca de expli-
cações sobre as origens, a movimentação e a evolução
dos ancestrais dos humanos.
(B) combinação de exemplares de diferentes espécies como
a origem apenas de problemas e desajustes genéticos,
posteriormente transmitidos às novas gerações.
(C) percepção da complexidade dos contatos entre os
antepassados dos seres humanos e do isolamento ri-
goroso que havia entre os representantes das diferen-
tes espécies.
(D) hipótese mais provável de origem dos ancestrais huma-
nos na África e a posterior circulação e transferência das
várias espécies para os demais continentes.
(E) limitação do conhecimento acerca das origens dos seres
humanos, que continuam a ser objeto de especulação
filosófica destituída de bases documentais.