Considere o seguinte excerto do texto intitulado Adolescência em Samoa, da antropóloga Margaret Mead:
Nas partes mais remotas do mundo, sob condições históricas muito diferentes daquelas que fizeram Grécia e Roma florescer
e declinar, grupos de seres humanos desenvolveram padrões de vida tão diferentes dos nossos que não podemos arriscar a
conjectura de que iriam chegar algum dia às nossas próprias soluções. Cada povo primitivo escolheu um conjunto de valores
humanos e moldou para si mesmo uma arte, uma organização social, uma religião, que são sua contribuição singular para a
história do espírito humano. Samoa é apenas um desses padrões diversos e graciosos, mas, assim como viajante que um dia
se afastou de casa é mais sábio que o homem que nunca foi além da soleira da própria porta, o conhecimento de outra cultura
deveria aguçar nossa capacidade de esquadrinhar com mais sobriedade, de apreciar mais amorosamente, a nossa própria
cultura.
(MEAD, Margaret. Adolescência em Samoa. In: CASTRO, Celso (org.). Cultura e personalidade: Ruth Benedict, Margaret Mead e Edward Sapir. Rio de
Janeiro: Zahar, 2015, p. 28.)
A partir dessa consideração feita pela autora, é correto afirmar:
a) À antropologia demonstra que as práticas culturais da ilha de Samoa, situada no Pacífico Sul, foram imprescindíveis na
composição dos valores e da visão de mundo que orientou a formação das sociedades grega e romana.
b) Uma cultura não ocidental será de extrema importância para os estudos antropológicos, pelo fato de o isolamento
geográfico permitir ao antropólogo o despojamento de seus referenciais e, por conseguinte, produzir uma ciência neutra,
sem viés ideológico.
c) O estudo de nossa própria cultura está estreitamente vinculado aos padrões de sociabilidade das comunidades nativas
aborígenes, daí a importância dos habitantes da ilha de Samoa para os estudos antropológicos no Ocidente.
d) Samoa constituiu um padrão importante de dinâmica social, e considerá-lo nas análises antropológicas é constatar que a
etnografia precisa ser aprimorada, a fim de que a história das sociedades primitivas não seja relegada ao esquecimento
com o avanço da civilização.
e) Observar as práticas culturais e todo o sistema de valores de uma sociedade que estruturalmente diferencia-se dos
padrões referenciais de quem observa permite não só compreender as dinâmicas sociais dos grupos observados como
também refletir sobre as categorias de análise que possibilitam a mesma observação.