Pierre Bourdieu e Jean-Claude Passeron, em
pesquisa dos anos 1960 sobre o sistema escolar
francês, demonstraram como o mecanismo
pedagógico das escolas focava, para a formação dos
alunos, em um corpo de saberes (ciências da
natureza, matemática, literatura, artes) que
concedia vantagens aos filhos das classes mais
abastadas economicamente, pois estes já chegavam
“de casa” para o ambiente de ensino com um
“capital cultural” — conjunto de conhecimentos e
habilidades adquiridos —- adequado com as
exigências desse corpo de saberes. As “classes
dominantes” podem proporcionar aos seus filhos e
filhas o contato desde a mais tenra infância com
leituras, artes e, mesmo, raciocínios lógicos no
convívio diário com a família. A crítica dos referidos
autores, em resumo, aquele sistema escolar francês
foi a de que a pedagogia adotada criava uma
espécie de “Escola Indiferente” que tratava como
iguais, em direitos e deveres escolares, alunos
desiguais em “capital cultural”. Os critérios exigidos
para a avaliação do êxito escolar eram os mesmos
para todos os estudantes sem tratar suas diferenças
de “capital cultural” ligadas as condições
socioeconômicas.
BOURDIEU, Pierre e PASSERON, Jean-Claude, Os
Herdeiros: os estudantes e a cultura.
Florianópolis: Editora da UFSC, 2014,
Sobre essa “Escola Indiferente”, sugerida pelos
autores acima citados, é correto concluir que
A) ao tratar de modo igual quem é diferente, essa
“Escola Indiferente” privilegia, de maneira
dissimulada, quem, por sua bagagem familiar,
já é privilegiado.
B) a escola que adota a “pedagogia indiferente”
considera importantes os capitais culturais dos
alunos e a formação de professores para
ensinar de maneira igualitária.
C) o corpo de saberes da Escola francesa dos anos
1960 constituíam o “capital cultural” das classes
menos abastadas economicamente ou “classes
incultas”.
D) o éxito escolar esta atrelado sociologicamente
as capacidades intelectuais e cognitivas de cada
estudante, que deve se esforçar para ter mérito
reconhecido.