Poluição sonora atrapalha “diálogo” de aves
O biólogo Carlos Barros de Araújo identificou, em sua tese de doutorado, possíveis interferências na comuni-
cação entre psitacídeos (papagaios, periquitos, araras) causada pela poluição sonora. Araújo demonstra que
essas aves conseguem “bater um papinho” a distâncias de até 1,5 km. Essa comunicação de longo alcance
faz parte da dinâmica de vida dos animais, que se separam em bandos pequenos durante o dia para se ali-
mentar e avisam uns aos outros onde achar comida. “O que você vê em campo são esses pequenos bandos
se juntando e se separando constantemente.”
Proteger o grupo contra inimigos e afastar possíveis rivais também são outras utilidades dessa comunicação.
Segundo Araújo, já foi possível identificar notas emitidas em contextos específicos, como a sinalização feita
por sentinelas. “Um indivíduo fica na copa da árvore observando a presença de predadores e emitindo um
som de intensidade baixa. Quando um deles se aproxima, o sentinela emite uma nota de alarme para avisar
aos demais.”
A interferência do homem, no entanto, tem reduzido a distância na comunicação entre os animais de 1.500 m
para menos de 50 m. “Se você corta a comunicação, você corta a capacidade de informar onde tem alimento.
A ave vai ter uma menor probabilidade de sobrevivência e de reprodução”, afirma o biólogo. A interferência
sonora pode até fazer o animal mudar seu canto. “Muitas espécies passam a cantar em frequências mais
agudas e com uma maior intensidade quando submetidas a ruídos de grande intensidade.”
(Adaptado de: . Acesso em: 29 jun. 2017.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema, responda aos itens a seguir.
a) Cite três aspectos do comportamento das aves que podem ser afetados pela poluição sonora.
b) Sabendo que os psitacídeos são predadores de sementes, explique a interferência, a curto prazo, na dimi-
nuição das populações de psitacídeos para as plantas de que eles se alimentam.