A história é o passado que foi verdadeiramente vivido por
homens de carne e osso sobre essa terra concreta — mas só
podemos conhecê-lo caso ele nos tenha deixado documentos.
Como a existência e a conservação dos documentos depen-
dem de um conjunto de circunstâncias que não foram
estruturadas a partir dos interesses de um historiador, jamais
saberemos tudo o que esse passado foi. As questões mais
interessantes muitas vezes não são as mais bem documen-
tadas; para estudarmos, por exemplo, a Palestina do século I,
dispomos de mais informações sobre a vida sentimental do rei
Herodes do que sobre a data de nascimento de Cristo.
(Henri-lrénée Marrou. Do conhecimento histórico, 1975. Adaptado.)
O texto refere-se
(A) ao ofício científico dos historiadores, realizado segundo
os procedimentos rigorosos das experimentações labo-
ratoriais.
(B) aos fatores culturais como motor da história, acentuando
a predominância de textos filosóficos nos arquivos.
(C) ao controle das fontes históricas pelas classes dominan-
tes, eliminando da história os movimentos populares.
(D) à impossibilidade de qualquer apreensão do passado
humano, considerando a irreversibilidade dos fatos his-
tóricos.
(E) ao conteúdo lacunar do saber histórico, dependente de
preservações assistemáticas de registros materiais.