O poema abaixo vem impresso na orelha do livro Psia, de
Arnaldo Antunes.
Psia é feminino
de psiu;
que serve para chamar a atenção
de alguém, ou para pedir
silêncio.
Eu berro as palavras
no microfone
da mesma maneira com que
as desenho, com cuidado,
na página.
Para transformá-las em coisas,
em vez de substituírem
as coisas.
Calos na língua; de calar.
Alguma coisa entre a piscina e a pia.
Um hiato a menos.
(Arnaldo
Antunes, Psia.
Sao Paulo:
lluminuras,
2012.)
Na orelha do livro, Antunes apresenta ao leitor seu
processo de criação poética. E correto dizer que o autor se
propõe a
a)
revelar a primazia da comunicação oral sobre a escrita
das palavras.
discutir a flexão de gênero, que torna a palavra “psia”
um substantivo.
defender a conversão das palavras em coisas,
mudando seu estatuto.
explorar o poder de representação da interjeição
exclamativa “psiu!”.