No livro A cabra vadia: novas confissões, Nelson
Rodrigues inicia a crônica “Os dois namorados” com a
seguinte afirmação:
“há coisas que um grá-fino só confessa num terreno baldio,
à luz de archotes, e na presença apenas de uma cabra
vadia.”
Na crônica “Terreno baldio” ele recorre ao mesmo animal
para explicar a ideia que teve de criar “entrevistas
imaginárias":
“Não podia ser um gabinete, nem uma sala. Lembrei-me,
então, do terreno baldio. Eu e o entrevistado e, no máximo,
uma cabra vadia. Além do valor plástico da figura, a cabra
não trai. Realmente, nunca se viu uma cabra sair por aí
fazendo inconfidências.”
(Nelson Rodrigues, 4 cabra vadia: novas confissões. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2016, p.
52 e160.)
O carater confessional associado a figura da cabra nas
crônicas tem relação com
a) a veracidade dos depoimentos que o cronista
testemunha nas entrevistas.
b) a impostura dos contemporâneos que são objeto dos
comentários do cronista.
c) a antipatia do jornalista no que diz respeito à busca de
identidade dos artistas entrevistados.
d) a sinceridade dos intelectuais que são objeto das
crônicas dos jornalistas.