Ao descrever a rotina do protagonista Raimundo Silva, o
narrador da História do Cerco de Lisboa afirma que só
restaram fragmentos dos sonhos noturnos, “imagens
insensatas aonde a luz não chega, indevassáveis até para
os narradores, que as pessoas mal informadas acreditam
terem todos os direitos e disporem de todas as chaves.”
(José Saramago, História do Cerco de Lisboa. São Paulo: Companhia das Letras, 1989,
p.122.)
Com base nesse excerto e relacionando-o ao conjunto do
romance, é correto afirmar que o narrador é
a)
polifônico, pois, ao considerar todos os pontos de vista
das personagens, relativiza a visão de mundo e
respeita a privacidade delas.
observador, pois dissimula sua avaliação política da
realidade ao se mostrar empático ao mundo das
personagens.
protagonista, pois, ao fazer parte da própria narrativa,
assemelha-se às demais personagens e não pode
duvidar dos protocolos necessários para contar a
história de Portugal.
onisciente, pois simula ser tolerante com a pluralidade
de vozes narrativas, mas é a singularidade de seu
modo de narrar que produz a coesão e a autonomia da
narração.