A viagem
Que coisas devo levar
nesta viagem em que partes”?
As cartas de navegação só servem
a quem fica.
Com que mapas desvendar
um continente
que falta”?
Estrangeira do teu corpo
tão comum
quantas línguas aprender
para calar-me?
Tambem quem fica
procura
um oriente.
Tambem
a quem fica
cabe uma paisagem nova
e a travessia insone do desconhecido
e a alegria difícil da descoberta.
O que levas do que fica,
o que, do que levas, retiro”?
MARQUES, A. M. In: SANT'ANNA, A. (Org.). Rua Aribau.
Porto Alegre: Tag, 2018.
À viagem e a ausência remetem a um repertório poético
tradicional. No poema, a voz lírica dialoga com essa
tradição, repercutindo a
®o UVOOAO
saudade como experiência de apatia.
presença da fragmentação da identidade.
negação do desejo como expressão de culpa.
persistência da memoria na valorização
do passado.
revelação de rumos projetada pela vivência
da solidão.