Leia o poema “Sonetilho do falso Fernando Pessoa”, de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), que integra o livro
Claro enigma, publicado em 1951.
Onde nasci, morri.
Onde morri, existo.
E das peles que visto
muitas há que não vi.
Sem mim como sem ti
posso durar. Desisto
de tudo quanto é misto
e que odiei ou senti.
Nem Fausto! nem Mefisto”?,
a deusa que se ri
deste nosso oaristo”,
eis-me a dizer: assisto
além, nenhum, aqui,
mas não sou eu, nem isto.
(Claro enigma, 2012.)
! Fausto: personagem alemão que fez um pacto com o diabo.
2 Mefisto: personagem alemão considerado a personificação do diabo.
é oaristo: conversa carinhosa e familiar.
Carlos Drummond de Andrade intitulou seu poema de “Sonetilho do falso Fernando Pessoa”. Por que razão o poeta refere-
-se a seu poema como “sonetilho”?
Transcreva um verso em que a referência aos heterônimos do escritor português Fernando Pessoa se mostra evidente.
Justifique sua resposta.