6.0 xeque-mate - do persa shah mat: o rei esta morto - ocupa uma fungao controversa nas leis do jogo de
xadrez. Trata-se de uma expressão que designa o lance final - é quando um dos reis não tem mais qualquer
possibilidade de movimento. De saída, e nisso consiste o primeiro traço de ambivalência da expressão, a
rigor, o rei não morre. Pode-se dizer até que o rei agoniza - mas de seu destino quase nada sabemos. Em
resumo, o xeque-mate é exatamente, negando o que enuncia a expressão, o lance anterior ao que
podemos chamar de morte. Diferentemente do senso comum, que vê grandeza naquele que luta até o
ultimo instante - a saber, até a morte -, o jogador de xadrez deve ter a medida de seu esforço. Saber
abandonar uma partida no momento certo, portanto, é uma demonstração de domínio da própria derrota. A
morte, por jamais tornar-se concreta, fica sendo pura potência. Talvez seja este caráter inacabado - o jogo
acaba sempre antes de acabar - que concede, afinal, ao jogo de xadrez, na forma de rito, a possibilidade de
um eterno recomeçar.
(Adaptado de Victor da Rosa, “Xeque-mate”. Disponível em http://culturaebarbarie.org/sopro/verbetes/xequemate. html. Acessado em 04/09/2018.)
a) Victor da Rosa afirma que há uma ambivalência na expressão 'xeque-mate”. Explique-a.
b) Explique, com dois argumentos, por que a posição do autor quanto à grandeza do jogo de xadrez
contraria o senso comum.