O quadro não se presta a uma leitura convencional,
no sentido de esmiuçar os detalhes da composição em
busca de nuances visuais. Na tela, há apenas formas
brutas, essenciais, as quais remetem ao estado natural,
primitivo. Os contornos inchados das plantas, os pés agi-
gantados das figuras, o seio que atende ao inexorável
apelo da gravidade: tudo é raiz. O embasamento que
vem do fundo, do passado, daquilo que vegeta no subs-
trato do ser. As cabecinhas, sem faces, servem apenas
de contraponto. Estes não são seres pensantes, produ-
tos da cultura e do refinamento. Tampouco são constru-
idos; antes nascem, brotam como plantas, sorvendo a
energia vital do sol de limão. À palheta nacionalista de
verde planta, amarelo sol e azul e branco céu, a pintora
acrescenta o ocre avermelhado de uma pele que mais
parece argila. A mensagem é clara: essa é nossa essên-
cia brasileira — sol, terra, vegetação. É isto que somos,
em cores vivas e sem a intervenção erudita das fórmulas
pictóricas tradicionais.
(Rafael Cardoso. A arte brasileira em 25 quadros, 2008. Adaptado.)
Tal comentário aplica-se à seguinte obra de Tarsila do
Amaral (1886-1973):
(Antropofagia, 1929.)
da SS Zhai
(Ahannrist 1098 \
(A negra, 1923.)
(Sol poente, 1929.)
(São Paulo, 1924.)