Um homem transporta o fio metálico, outro endireita-o,
um terceiro corta-o, um quarto aguça a extremidade, um
quinto prepara a extremidade superior para receber a cabe-
ça; para fazer a cabeça são precisas duas ou três operações
distintas; colocá-la constitui também uma tarefa específica,
branquear o alfinete, outra; colocar os alfinetes sobre o pa-
pel da embalagem é também uma tarefa independente. [...]
Tive ocasião de ver uma pequena fábrica deste tipo, em que
só estavam empregados dez homens, e onde alguns deles,
consequentemente, realizavam duas ou três operações di-
ferentes. Mas, apesar de serem muito pobres, e possuindo
apenas a maquinaria estritamente necessária, [...] conse-
guiam produzir mais de quarenta e oito mil alfinetes por dia.
Se dividirmos esse trabalho pelo número de trabalhadores,
poderemos considerar que cada um deles produz quatro mil
e oitocentos alfinetes por dia; mas se trabalhassem separa-
damente uns dos outros, e sem terem sido educados para
este ramo particular de produção, não conseguiriam produzir
vinte alfinetes, nem talvez mesmo um único alfinete por dia.
(Adam Smith. Investigação sobre a natureza
e as causas da riqueza das nações, 1984.)
O texto, originalmente publicado em 1776, demonstra
(A) o avanço tecnológico representado pelo surgimento da
fábrica na Inglaterra, relacionando a riqueza com o apri-
moramento científico e o trabalho simultâneo de milhares
de operários.
(B) o crescimento do mercado consumidor e a maior velo-
cidade na distribuição das mercadorias inglesas, desta-
cando o vínculo entre riqueza e uma boa relação entre
oferta e procura.
O
a força crescente dos sindicatos e das federações de tra-
balhadores na Inglaterra, enfatizando o princípio marxista
de que apenas o trabalho permite a geração de riqueza.
o
a produtividade do artesanato e o conhecimento da to-
talidade do processo produtivo pelos trabalhadores in-
gleses, relacionando a noção de riqueza ao acúmulo de
metais nobres.
(E) a disciplina no trabalho e o parcelamento de tarefas pre-
sentes nas manufaturas e fábricas inglesas, associando
o crescimento da riqueza à produtividade do trabalho.