“DOROTEA
O senhor perdeu a cabeça?
DULCINEA
Fazer de um cangaceiro um delegado!
DOROTEA
Quando a oposição souber!
DULCINEA
Que prato pra Neco Pedreira!
ODORICO
E tomara que Neco se sirva bem dele. Tomara que chame
Zeca Diabo de cangaceiro, assassino, quanto mais xingar,
melhor.
DOROTEA
O senhor não acha que se excedeu?
ODORICO
Em política, dona Dorotéa, os finalmentes justificam os não
obstantes.”
(Dias Gomes, O bem-amado. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2014. p. 69-70.)
As personagens femininas do excerto anterior discordam
da nomeação de Zeca Diabo feita por Odorico. Assinale a
alternativa que indica a razão dessa discordância e a
natureza da crítica às práticas políticas brasileiras presente
na peça teatral de Dias Gomes.
a) Segundo as personagens, Zeca Diabo não possui os
atributos necessários para o cargo. Critica-se uma
sociedade que desconsidera a meritocracia.
b) As práticas políticas são desconhecidas pelas
personagens. A ingenuidade do cidadão e a astúcia
necessária dos políticos são criticadas na fala delas e
de Odorico.
c) Dulcinéa e Dorotéa não simpatizam com Zeca Diabo, o
que indica que a peça faz uma crítica às relações
sociais presididas por afetos e interesses privados.
d) Dulcinéa e Dorotéa não admitem que alguém fora da
lei possa cuidar da ordem da cidade. Criticam-se os
atos de um poder executivo que se orienta por um
projeto pessoal de poder.