Texto 5
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b)
São Paulo, 15 de novembro de 1923 — Viva a Reptiblical
Tarsila, minha querida amiga:
Cuidado! fortifiquem-se bem de teorias e desculpas e coisas vistas em Paris. Quando vocês aqui chegarem,
temos briga, na certa. Desde já, desafio vocês todos juntos, Tarsila, Oswald, Sérgio para uma discussão formidável
Vocês foram a Paris como burgueses. Estão épatés”. E se fizeram futuristas! hil hil hil Choro de inveja. Mas é verdade
que considero vocês todos uns caipiras em Paris. Vocês se parisianizaram na epiderme. Isso é horrível! Tarsila, Tar-
sila, volta para dentro de si mesma. Abandona o Gris e o Lhote, empresários de criticismos decrépitos e de estesias
decadentes! Abandona Paris! Tai arsilal Vem para a mata-virgem, onde não há arte negra, onde não há também
arroios gentis. Há MATA VIRGEM. Criei o matavirgismo. Sou matavirgista. Disso é que o mundo, a arte, o Brasil e
minha queridíssima Tarsila precisam.
Se vocês tiverem coragem venham para cá, aceitem meu desafio.
E como será lindo ver na moldura verde da mata a figura linda, renascente de Tarsila Amaral. Chegarei silencioso,
confiante e te beijarei as mãos divinas.
Com abraço muito amigo do Mário.
* Epatés — palavra do francês que significa deslumbrado.
AMARAL, Aracy (org.). Correspondência Mário de Andrade & Tarsila do Amaral. São Paulo: Editora da USPNES, 2001, pp. 78-80.
Acarta escrita por Mário de Andrade a Tarsila do Amaral aborda importantes questões que fomentaram o debate poli-
tico e estético entre os artistas da primeira geração modemista no Brasil. Indique dois aspectos presentes no Texto 5
que reiteram o que foi afirmado acima
Determine dois procedimentos linguísticos, comprovados com exemplos retirados da carta, que evidenciam o espírito
iconoclasta do modernismo brasileiro.