Os guardas vêm nos seus calcanhares. Sem-Pernas sabe que eles gostarão de o pegar, que a captura de
um dos Capitães da Areia é uma bela façanha para um guarda. Essa será a sua vingança. Não deixará que o
peguem. (...) Apanhara na polícia, um homem ria quando o surravam. Para ele é este homem que corre em sua
perseguição (...). Vêm em seus calcanhares, mas não o levarão. Pensam que ele vai parar junto ao grande
elevador. Mas Sem-Pernas não para. (...) Sem-Pernas se rebenta na montanha como um trapezista de circo
que não tivesse alcançado o outro trapézio.
(Jorge Amado, Capitães da Areia. 192 ed., São Paulo: Companhia das Letras, 2013, p. 242-243.)
a) Levando em conta o trecho em questão e a obra como um todo, qual é a imagem dos socialmente
excluídos de quem Sem-Pernas é representativo no trecho?
b) “Apanhara na polícia, um homem ria quando o surravam”. Diante dessa lembrança recorrente, evocada
durante sua perseguição pelos policiais, qual é o sentido da simbólica vingança de Sem-Pernas?