Leia um fragmento de memória de um jornalista brasileiro,
escritor, ex-preso político e exilado.
Para mim, que havia sido, no limiar da década [de
1960], um rebelde sem causa concreta, fã de James Dean e
simpatizante da “juventude transviada”, o golpe significou,
de imediato, mais um salto à frente na conscientização da
realidade. Inclusive porque as medidas inaugurais do regime
implantado em 1.º de abril não deixavam margem a dúvi-
das: contra a reforma agrária no campo, o tabelamento dos
aluguéis nas cidades e a limitação das remessas de lucros ao
exterior, assim como — diante da imposição norte-americana
— pelo rompimento das relações diplomáticas com Cuba.
(Arthur José Poermer, O céu é das elites In Daniel Souza e Gilmar Chaves
(org). Nossa paixão era inventar um novo tempo)
A partir do fragmento, pode-se identificar, entre outros,
como fatores responsáveis pela ruptura politico-institucional
de 1964,
(A) a omissão do governo brasileiro durante a Crise dos
Mísseis de Cuba e a aprovação das Reformas de Base
pelo Congresso Nacional.
(B) os grupos ligados ao latifúndio, ao temor da participa-
ção dos setores populares nas questões nacionais e os
interesses das empresas multinacionais.
(C) a repressão do governo Jango contra os militares de
baixa patente, os aumentos salariais excessivos e as
recorrentes greves estudantis.
(D) a decisiva oposição de Juscelino Kubitschek ao governo
Jânio, o acordo econômico com a União Soviética e a
crise do petróleo.
(E) as classes médias preocupadas com a corrupção no
governo Jango, as facilidades para a entrada do capital
estrangeiro no país e o aumento do desemprego.