Quando a guerra mundial de 1914-1918 se iniciou,
a ciência médica tinha feito progressos tão grandes que
se esperava uma conflagração sem a interferência de
grandes epidemias. Isso sucedeu na frente ocidental,
mas à leste o tifo precisou de apenas três meses para
aparecer e se estabelecer como o principal estrategista
na região (...). No momento em que a Segunda Guerra
Mundial está acontecendo, em territórios em que o tifo é
endêmico, o espectro de uma grande epidemia constitui
ameaça constante. Enquanto estas linhas estão sendo
escritas (primavera de 1942) já foram recebidas
notificações de surtos locais, e pequenos, mas a
doença parece continuar sob controle e muito
provavelmente permanecerá assim por algum tempo.
Henry E. Sigerist, Civilização e doença.
São Paulo: Hucitec, 2010, p. 130-132.
O correto entendimento do texto acima permite afirmar
que
a) o tifo, quando a humanidade enfrentou as duas
grandes guerras mundiais do século XX, era uma
ameaça porque ainda não tinha se desenvolvido a
biologia microscópica, que anos depois permitiria
identificar a existência da doença.
b) parte significativa da pesquisa biológica foi
abandonada em prol do atendimento de demandas
militares advindas dessas duas guerras, o que
causou um generalizado abandono dos recursos
necessários ao controle de doenças como o tifo.
c) as epidemias, nas duas guerras mundiais, não
afetaram os combatentes dos países ricos, já que
estes, ao contrário dos combatentes dos países
pobres, encontravam-se imunizados contra doenças
causadas por vírus.
d) a ameaça constante de epidemia de tifo resultava da
precariedade das condições de higiene e
saneamento decorrentes do enfrentamento de
populações humanas submetidas a uma escala de
destruição incomum promovida pelas duas guerras
mundiais.
e) otifo, principalmente na Primeira Guerra Mundial, foi
utilizado como arma letal contra exércitos inimigos
no leste europeu, que eram propositadamente
contaminados com o vírus da doença.