Em carta ao rei D. Manuel, Pero Vaz de Caminha narrou
os primeiros contatos entre os indígenas e os portugueses
no Brasil: “Quando eles vieram, o capitão estava com um
colar de ouro muito grande ao pescoço. Um deles fitou o
colar do Capitão, e começou a fazer acenos com a mão
em direção à terra, e depois para o colar, como se quisesse
dizer-nos que havia ouro na terra. Outro viu umas contas
de rosário, brancas, e acenava para a terra e novamente
para as contas e para o colar do Capitão, como se dissesse
que dariam ouro por aquilo. Isto nós tomávamos nesse
sentido, por assim o desejarmos! Mas se ele queria dizer
que levaria as contas e o colar, isto nós não queríamos
entender, porque não havíamos de dar-lhe!”
(Adaptado de Leonardo Arroyo, A carta de Pero Vaz de Caminha. São
Paulo: Melhoramentos; Rio de Janeiro: INL, 1971, p. 72-74.)
Esse trecho da carta de Caminha nos permite concluir que
o contato entre as culturas indígena e europeia foi
a) favorecido pelo interesse que ambas as partes
demonstravam em realizar transações comerciais: os
indígenas se integrariam ao sistema de colonização,
abastecendo as feitorias, voltadas ao comércio do
pau-brasil, e se miscigenando com os colonizadores.
b) guiado pelo interesse dos descobridores em explorar a
nova terra, principalmente por meio da extração de
riquezas, interesse que se colocava acima da
compreensão da cultura dos indígenas, que seria
quase dizimada junto com essa população.
c) facilitado pela docilidade dos indígenas, que se
associaram aos descobridores na exploração da nova
terra, viabilizando um sistema colonial cuja base era a
escravização dos povos nativos, o que levaria à
destruição da sua cultura.
d) marcado pela necessidade dos colonizadores de
obterem matéria-prima para suas indústrias e
ampliarem o mercado consumidor para sua produção
industrial, o que levou à busca por colônias e à
integração cultural das populações nativas.