[...] a herança do tempo de Vargas se materializou em instituições e
projetos que extrapolam o contexto em que emergiram e continuaram
a influenciar nossa história social depois do trágico suicídio. O suicida
continuou presente, como referência positiva ou negativa, para os homens
que pretendiam fazer o futuro, e que consideravam que o passado que
herdavam era marcado sobretudo pela figura do estadista”.
Pedro Paulo Zahluth Bastos e Pedro Cezer Dutra Fonseca (orgs).
“Apresentação”. In: 4 Era Vargas: Desenvolvimento, Economia e Sociedade. São Paulo:
Editora UNESP, 2012, p.08
Podemos citar, como herança do tempo de Vargas,
a) o populismo, pois é um dos motivos pelas críticas internacionais feitas aos
governos recentes do Brasil, habituados ao mandonismo local e à censura.
b) apolítica trabalhista, uma vez que praticamente toda a legislação atualmente
em vigor foi elaborada durante a Era Vargas.
c) o poder coercitivo sobre a população, já que tanto naquela época quanto
atualmente os presidentes são oriundos de grupos latifundiários autoritários.
d) a manipulação e censura à imprensa, prática de raízes históricas e de
difícil superação no Brasil, em função do controle estatal dos meios de
comunicação.
e) a política industrial, pois o intervencionismo é o aspecto mais marcante
tanto da Era Vargas quanto dos governos pós-Regime Militar.