Aedo e adivinho têm em comum um mesmo dom de
“vidência”, privilégio que tiveram de pagar pelo preço dos
seus olhos. Cegos para a luz, eles veem o invisível. O deus
que os inspira mostra-lhes, em uma espécie de revelação, as
realidades que escapam ao olhar humano. Sua visão particular
age sobre as partes do tempo inacessíveis às criaturas mortais:
o que aconteceu outrora, o que ainda não é.
(Jean-Pierre Vernant. Mito e pensamento entre os gregos. 1990. Adaptado.)
O texto refere-se à cultura grega antiga e menciona, entre ou-
tros aspectos,
(A) o papel exercido pelos poetas, responsáveis pela transmis-
são oral das tradições, dos mitos e da memória.
(B) a prática da feitiçaria, estimulada especialmente nos
períodos de seca ou de infertilidade da terra.
(C) o caráter monoteísta da sociedade, que impedia a difusão
dos cultos aos deuses da tradição clássica.
(D) a forma como a história era escrita e lida entre os povos da
península balcânica.
(E) o esforço de diferenciar as cidades-estados e reforçar o
isolamento e a autonomia em que viviam.