Leia o texto a seguir.
O filósofo, repito, não fabrica os instrumentos necessários às necessidades correntes. Por que atribuir-lhe uma
atividade tão subalterna quando ele, na realidade, é um “artista da vida”? As outras artes, aliás, também estão
sob o seu domínio. Se é a filosofia que governa a nossa vida, deve também ela governar os acessórios da
nossa vida; o seu fim supremo, porém, é determinar em que consiste a felicidade e em guiar-nos pela via que
conduz a esse fim. A sua tarefa é distinguir os males reais dos males aparentes, é libertar os espíritos de vás
ilusões, é instilar neles uma grandeza efetiva e reprimir as exageradas aparências derivadas de juízos fúteis,
é evitar toda e qualquer confusão entre grandeza real e presunção; é, em suma, facultar-nos o conhecimento
da natureza, inclusive da natureza da própria filosofia.
(Adaptado de: SÊNECA. Cartas a Lucílio. Tradução de: J. A. Segurado e Campos. 2.ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2004.
A Lucilio, IX, 90, 27-28. p.448-449.)
Sêneca (4 a.C. — 65 d.C.) foi um intelectual e político do Império Romano, notável pelos seus escritos sobre a
vida, a morte e a felicidade.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre Sêneca, discorra sobre o propósito estoico de sua filosofia.