As estimativas sobre a população de Palmares no século XVII
oscilam entre 5 e 20 mil pessoas. A crônica abaixo, de 1678,
descreve o território palmarino:
Reconhecem-se todos obedientes a um que se chama “o Ganga
Zumba”, que quer dizer “Senhor Grande”. A este tem por seu
rei e senhor todos os mais, assim naturais dos Palmares como
vindos de fora. Habita na sua cidade real que chamam o Maca-
co. Esta é a metrópole entre as mais cidades e povoações. Está
fortificada toda em cerco de pau a pique, com torneiras abertas
para ataque e defesa. E pela parte de fora toda se semeia de
estrepes de ferro e buracos no chão. Ocupa esta cidade dila-
tado espaço, forma-se mais de 1500 casas. A segunda cidade
chama-se Sirbupira; nesta habita o irmão do rei que se chama
"o Zona”. É fortificada toda de madeira e pedras, compreende
mais de oitocentas casas. Das mais cidades e povoações darei
notícia quando lhe referir as ruínas.
(Adaptado de: ANTT, Manuscrito da Livraria, cod. 1185, fls. 149-55v. In: LARA, Silvia;
FACHIN, Phablo (org.). Guerra contra Palmares: o manuscrito de 1678. São Paulo: Chão
Editora, 2021, p. 9 - 49.)
Sobre a organização do espaço palmarino, é correto afirmar
que
a) os negros que fugiram para Palmares ocuparam os espaços
urbanos das vilas coloniais na Serra da Barriga; essas vilas
tinham sido abandonadas por Portugal durante as guerras
de expulsão, de Pernambuco, dos holandeses.
b) o que se convencionou chamar de quilombo de Palmares
era uma rede de povoações fortificadas, formadas por cen-
tenas de casas e interligadas por meio de um sistema políti-
co influenciado por lógicas culturais africanas.
c) as povoações que constituíam Palmares se originaram da
estrutura urbanística construída por Nassau nas serras de
Pernambuco e Alagoas, a partir da racionalidade holandesa
na época da luta pelo domínio do açúcar.
d) a maioria da população negra que vivia nos mocambos
de Palmares no século XVII era crioula, ou seja, nascida no
Brasil, e combinava a influência da organização política de
Angola e das redes urbanas litorâneas e europeias de Per-
nambuco.