“O ‘Pais’ abriu quarta-feira em suas colunas o mais
interessante dos plebiscitos para solução de um importante
problema social: Como deve ser educada a mulher... Trata-se
de saber se devemos ser educadas para, pelo casamento,
sermos sustentadas pelo homem, ou para nos tornarmos
hábeis e prover à nossa própria subsistência pelo nosso único
trabalho. Se admitis a primeira hipótese, em que consiste a
educação feminina para o casamento? Se preferis a segunda,
quais são os gêneros de trabalho em que a mulher pode, sem
decair, ganhar a vida em nossa terra? (...) Esta forma de
educação requer toda uma ordem de conhecimento que não
sejam apenas frívolos. (...) Os nossos costumes, por isso
mesmo, são ingênuos e se apoiam em preconceitos e
tradições, não admitem ainda a mulher que trabalha. (...)
Assim mesmo as professoras já lograram subir um pouco na
cotação social. As médicas vão impondo-se pouco a pouco...”.
Carmem Dolores. “A Semana”. Rio de Janeiro, 08/04/1906. In:
VASCONCELLOS, Eliane (org.). Carmem Dolores. Crônicas, 1905-1910. Rio de
Janeiro: Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro, 1998.
De acordo com o excerto, assinale a alternativa mais
adequada para expressar o processo de inserção das
mulheres no mundo do trabalho no início do século XX.
(A) O patriarcalismo e o emprego do dote foram erradicados
pelos protocolos jurídicos adotados no regime
republicano, favorecendo o reconhecimento social do
trabalho feminino.
(B) A educação feminina dissociava-se das convenções
vigentes na sociedade e dos padrões morais preconizados
pelo catolicismo.
(C) O reconhecimento social do trabalho feminino estava
limitado à esfera pública, pois o espaço doméstico ainda
permanecia marcado pela autoridade masculina.
(D) O processo de feminização do magistério na escola básica
proporcionou o reconhecimento do trabalho das mulheres
e a conquista de novos papéis sociais.
(E) A ruptura do preconceito para com o trabalho feminino
nas fábricas, comércio, serviço público e profissões liberais
se deu efetivamente após a conquista dos direitos
políticos pelas mulheres, em 1934.