“A construção da nação brasileira está estruturada, dentre outras coisas, a partir do mito da democracia
racial. Uma parcela expressiva da sociedade brasileira compartilha a crença de ter construído uma nação
diferentemente dos Estados Unidos e da África do Sul, por exemplo, não caracterizada por conflitos raciais
abertos. [...] Para os que imaginam e advogam a singularidade paradisíaca brasileira, isto significa dizer que o
critério racial jamais foi relevante para definir as chances de qualquer pessoa no Brasil. Em outras palavras,
ainda é fortemente difundida no Brasil a crença de que a cultura brasileira antecipa a possibilidade de um mundo
sem raças.”
BERNARDINO, Joaze. Ação afirmativa e a rediscussão do mito da democracia racial no Brasil. Estud. afro-asiát. 24 (2), 2002, pp. 247-273.
O texto acima, ao realizar uma crítica à “democracia racial”, aponta para uma mudança na concepção
de nação brasileira, consagrada na Constituição de 1988, que envolve a
A) apologia à miscigenação como forma de combater o racismo e garantir a unidade nacional.
B) admissão da categoria “raça” pelo Estado com o objetivo de estabelecer o fim das leis raciais.
C) definição do Estado brasileiro como pluriétnico, que aceita e resguarda a existência das diferenças culturais.
D) negação dos conflitos raciais como forma de garantir a justiça social e o acesso à cidadania.