“O controle social, algo mais amplo do que o controle da ordem pública, parece ter esgotado suas
funções no interior de modelos tradicionais. Por um lado, os mecanismos de pressão social sobre o
comportamento dos indivíduos, que operaram, sobretudo, na esfera da moralidade, pública e privada, não
parecem suscitar nem o sentimento de medo, sequer o de angústia diante das possibilidades, sempre abertas,
de violação das normas sociais. É como se operasse uma sorte de dissociação entre as imposições morais e
as práticas sociais. [...] Por outro lado, as éticas vocacionais, muitas delas dotadas de forte inspiração religiosa,
que, no passado, asseguravam o represamento das pulsões e do desejo, se não mais parecem mecanismos
sólidos para conter os conflitos dos indivíduos entre si e com a sociedade, muito menos ainda o são para evitar
as tensões entre coletivos sociais. Está-se em plena era das paixões, sem que quaisquer interditos ou freios
morais subjetivos consigam objetivar a experiência social.”
ADORNO, Sérgio. Conflitualidade e violência: reflexões sobre a anomia na contemporaneidade. Tempo soc.
[online]. 1998, vol.10, n.1, pp.19-47.
De acordo com os argumentos apresentados no texto, é correto afirmar que a resolução dos problemas
sociais relativos à segurança pública no Brasil envolveria
A) a construção de elementos de controle social no âmbito da sociedade para além da garantia dos
instrumentos repressivos estatais.
B) o respeito ao interesse individual e o domínio da racionalidade como forma de orientação da conduta.
C) o fim da crise de legitimidade do Estado frente ao aumento da influência de correntes religiosas no espaço
público.
D) o fortalecimento dos laços de solidariedade e a simplificação da legislação de combate à criminalidade.