De fato, a própria organização espacial da cidade denota
uma elisão de qualquer forma de democracia, com a segre-
gação das massas populares, com os traçados apropriados
ao automóvel, e com o sistema fabril tendo sido erigido como
modelo para o planejamento que visa à produtividade dos
espaços com a harmonia social.
Nesse sentido, a concepção urbanística de Brasília,
cidade que nasceu como forma de controle social, é bas-
tante adequada para sediar a cúpula de qualquer Estado
autoritário [...].
(José William Vesentini. A capital da geopolítica, 1986.)
A caracterização de Brasília pelo excerto apresenta-a como
uma cidade
(A) projetada a partir de uma perspectiva socialista, para con-
ciliar as noções de poder popular e economia planificada.
(B) reestruturada no decorrer do regime militar, para eliminar
as características democráticas do projeto, tornando-a
autoritária.
(C) inadequada ao período em que foi edificada, quando o
Brasil vivia uma inédita experiência de participação po-
lítica direta.
(D) concebida num momento de integração nacional, quando
o governo brasileiro buscava transferir o comando econô-
mico para o centro-sul do país.
(E) planejada e construída segundo uma lógica política cen-
tralizadora, para abrigar a sede do poder, afastando-a da
sociedade.