Logia e mitologia
Meu coração
de mil e novecentos e setenta e dois
já não palpita fagueiro
sabe que há morcegos de pesadas olheiras
que há cabras malignas que há
cardumes de hienas infiltradas
no vão da unha na alma
um porco belicoso de radar
e que sangra e ri
e que sangra e ri
a vida anoitece provisória
centuriões sentinelas
do Oiapoque ao Chui.
CACASO Lero-ero, Rio de Janeiro: 7Letras; São Paulo: Cosac & Naify, 2002,
O título do poema explora a expressividade de termos
que representam o conflito do momento histórico vivido
pelo poeta na década de 1970. Nesse contexto, é correto
afirmar que
Q o poeta utiliza uma série de metáforas zoológicas
com significado impreciso.
O “morcegos”, “cabras” e “hienas” metaforizam as
vítimas do regime militar vigente.
O o “porco”, animal difícil de domesticar, representa os
movimentos de resistência.
O o poeta caracteriza o momento de opressão através
de alegorias de forte poder de impacto.
O “centuriões” e “sentinelas” simbolizam os agentes que
garantem a paz social experimentada.