(URCA/2023.1) Em seu livro de verbetes História &
Memória, o historiador francês Jacques Le Goff escre-
veu sobre a predominância e o domínio da corrente his-
toriográfica sistematizada no Ocidente. Segundo ele:
“A partir do século XVI, a historiografia no Ocidente, a
dos eruditos, secundada pela dos universitários, divide
a história em três idades: Antiga, Medieval e Moderna,
cada um dos adjetivos apenas remete, na maior parte
dos casos, a um período cronológico, e o termo moderno
opõe-se mais a medieval do que antigo. Finalmente, este
quadro de leitura do passado nem sempre corresponde
ao que os homens desse passado pensavam.” ax corr Jacques.
Segunda Parte - Pensar a História: a ambiguidade de antigo: a Antiguidade greco-romana e as outras. In:
História & Memória. 7. ed. Campinas: Editora da Unicamp, 2013. p. 162).
A partir da compreensão ocidental da História, é COR-
RETO afirmar que:
No século XX, o ponto de vista dos modernos manifesta-
se acima de tudo no campo da ideologia cristã. Na
construção da modernização do pensamento moral dos ci-
dadãos de bem.
Ao final do século XIX, a oposição antigo/moderno volta a
encontrar-se no campo das artes, em que várias tendências
se definem como sagradas na perspectiva cristã.
No campo religioso, origina-se a corrente modernista,
exaltada pela Igreja como um avivamento do espírito hu-
mano, levando a sociedade na direção dos padrões de civi-
lidade.
A oposição antigo/moderno desenvolveu-se num contexto
de passagem das grandes cruzadas, e das disputas religi-
osas constituídas no seio da Antiguidade Clássica para o
contexto de trevas da Idade Média.
A oposição antigo/moderno, que emerge periodica-
mente nas controvérsias dos intelectuais europeus desde
a Idade Média, não pode ser reduzida à oposição
progresso/reação, pois se situa fundamentalmente em
nível cultural.