Em 2016, uma pesquisa do Datafolha encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostrou
que mais de um terço dos brasileiros acredita que “mulheres que se dão ao respeito não são estupradas”.
No mesmo estudo, 30% disseram que “mulher que usa roupas provocativas não pode reclamar se for
estuprada”,
Uma exposição de roupas de vítimas de estupro na Bélgica, porém, contradiz essa lógica. Exibida em
Bruxelas, a mostra traz trajes que mulheres e meninas usavam no dia em que sofreram a violência sexual
e reúne calças e blusas discretas, pijamas e até camisetas largas. A exposição demonstra o fato de que a
violência do estupro independe da vestimenta, da idade, do corpo, das atitudes da vítima, assim a falsa ideia
de que as mulheres incitam de alguma forma essa violência, na verdade, esconde uma estrutura e uma
cultura socialmente enraizadas, que invertem o processo da violência, culpabilizando a vítima e vitimizando
o agressor.
EXPOSIÇÃO DAS ROUPAS DAS VÍTIMAS DE ESTUPROS
https://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/exposicao-apresenta-os-trajes-de-mulheres-estupradas-roupas-discretas/
Pode-se afirmar que a culpabilização da vítima é parte do processo, sociologicamente, conhecido como
a) globalização, pois corresponde ao processo de assimilação universal do indivíduo como delinquente, a partir
do momento em que pratica uma conduta desvirtuada pautada na nova percepção do mundo do crime.
b) socialização, pois as instituições que compõem a justiça criminal elaboram particularmente as regras morais
e as leis escritas que determinam a ocupação e o papel social dos indivíduos na sociedade moderna.
c) marginalização, que exclui e segrega politicamente parte das mulheres a partir do conceito de desencantamento
do mundo, pautado na racionalidade e na dominação masculina.
d) criminalização, que rotula e marginaliza alguns grupos sociais a partir de estereótipos que estão enraizados
e são reproduzidos com base em regras morais que permeiam as sociedades.
e) estigmatização, uma marca ou sinal que designa as mulheres como qualificadas ou valorizadas socialmente
e leva em consideração suas vestimentas e seus comportamentos padrões.