Eu herdei da minha mãe esse trabalho de artesanato com barro. E, desde a minha bisavô, ja se fazia desse jeito. Ela era
india. Então, a minha mãe fazia pote, bilha, qualquer tipo de louça. A gente faz assim: pega o barro mole, mistura com
caraipé*, amassa até ele ficar mesmo bem ligado e, depois que ele ja estã bem ligado, a gente já vai começar a formar a
louça. Agora, tem que ter uma coisa, tem que saber a temperatura e a quantia que o barro pega do caraipé. Se estiver bem
areadinho, ele já tá bom. E eu tenho esperança que meu filho também vai continuar a trabalhar e alguém além dele vai
também. Vai aprender um filho dele, um sobrinho, porque toda criança sempre mostra logo uma coisa que ela quer ser,
que ela quer fazer. Eu acho que vai ter alguém assim, não vai ficar parado, não. Vão continuar a fazer essas panelas aqui.
Acesso em: 0910.2019.
* Árvore cujas cinzas são utilizadas pelos oleiros da região Amazônica para misturar com o barro, também denominada caripé-verdadeiro (Licania floribunda).
O depoimento de Maria da Saúde de Souza, artesã do Pará, foi gravado em vídeo e transcrito pelo Museu da Pessoa,
website dedicado a coletar e a publicar as histórias de vida de milhares de brasileiros.
Os depoimentos orais são considerados fontes
(A) históricas, pois contêm informações e conhecimentos transmitidos de geração a geração ou a versão pessoal de
indivíduos que testemunharam acontecimentos históricos.
(B) etnográficas, pois são utilizadas para confirmar as diferenças culturais existentes no interior de uma mesma sociedade,
fortalecendo os preconceitos e preservando os privilégios.
(C) científicas, pois sua obtenção se dá por meio de entrevistas realizadas por repórteres profissionais, vinculados aos
grandes portais de notícias.
(D) epistemológicas, pois são documentos certificados por instituições extraoficiais, vinculadas a organismos diplomáticos
internacionais.
(E) mitológicas, pois as versões pessoais são ratificadas pelos cientistas, comprometendo a credibilidade dos
testemunhos.