Mas o pecado maior contra a Civilização e o Progresso,
contra o Bom Senso e o Bom Gosto e até os Bons Costumes,
que estaria sendo cometido pelo grupo de regionalistas a
quem se deve a ideia ou a organização deste Congresso,
estaria em procurar reanimar não só a arte arcaica dos
quitutes finos e caros em que se esmeraram, nas velhas casas
patriarcais, algumas senhoras das mais ilustres famílias da
região, e que está sendo esquecida pelos doces dos
confeiteiros franceses e italianos, como a arte — popular
como a do barro, a do cesto, a da palha de Ouricuri, a de
piaçava, a dos cachimbos e dos santos de pau, a das esteiras,
a dos ex-votos, a das redes, a das rendas e bicos, a dos
brinquedos de meninos feitos de sabugo de milho, de canudo
de mamão, de lata de doce de goiaba, de quenga de coco, de
cabaça — que é, no Nordeste, o preparado do doce, do bolo,
do quitute de tabuleiro, feito por mãos negras e pardas com
uma perícia que iguala, e às vezes excede, a das sinhás
brancas.
Gilberto Freyre. Manifesto regionalista (72 ed.).
Recife: FUNDA), Ed. Massangana, 1996.
De acordo com o texto de Gilberto Freyre, o Manifesto
regionalista, publicado em 1926,
a) opunha-se ao cosmopolitismo dos modernistas,
especialmente por refutar a alteração nos hábitos
alimentares nordestinos.
b) traduzia um projeto político centralizador e
antidemocrático associado ao retorno de instituições
monárquicas.
c) exaltava os valores utilitaristas do moderno capitalismo
industrial, pois reconhecia a importância da tradição
agrária brasileira.
d) preconizava a defesa do mandonismo político e da
integração de brancos e negros sob a forma da
democracia racial.
e) promovia o desenvolvimento de uma cultura brasileira
autêntica pelo retorno a seu passado e a suas tradições e
riquezas locais.