Texto 2
Apesar de consideradas pela crítica, durante muito tempo, uma manifestação menor da literatura, as narrativas
de viagem viveram momentos de glória no passado. Inúmeros escritores se dedicaram ao gênero, e eram muitos
os leitores aficionados pelos relatos de aventuras. Na forma de diários, memórias ou simplesmente impressões de
viagens, os textos surgiam aos borbotões, nos séculos XVIII e XIX, ora inspirados pelo Velho, ora pelo Novo Mundo,
5 expressando sempre o olhar fascinado, a curiosidade e o desejo do viajante de deixar registrada a sua experiência,
que ele julgava ímpar.
Na Europa, os destinos mais buscados eram a Alemanha, a Itália e a Espanha, fosse pela mitologia, pela glória
passada ou pela profusão de ruínas históricas. E não importava se a viagem durasse semanas, meses ou anos; inte-
ressava relatá-la e assim se inscrever na tradição do gênero. Dentre os mais ilustres viajantes, Goethe, Mme. de Stáel,
40 Victor Hugo, Michelet, Lamartine e Mérimée foram autores que incentivaram outros escritores a também excursionar
e a escrever sobre as novas terras.
A América foi igualmente pródiga em inspirar viajantes - em sua maioria pintores, botânicos, naturalistas, arqueó-
logos ou simples aventureiros -, ainda que a maioria não tivesse pretensões literárias e quisesse apenas fazer anota-
ções acerca da geografia, fauna e flora tropical das novas terras.
15 Octavio lanni, em A metáfora da viagem, afirma que a história dos povos “está atravessada pela viagem”, não
importa se real (se ocorre o deslocamento geográfico, espacial e temporal), ou metafórica (sem o deslocamento físico,
mas apenas o sensivel ou sensorial), pois toda sociedade trabalha a viagem, “seja como modo de descobrir o ‘outro’,
seja como modo de descobrir o “eu”. A viagem destina-se, portanto, a ultrapassar fronteiras, a demarcar as diferenças
e as semelhanças entre os povos.
2 E, se consideramos as condições em que os deslocamentos eram realizados, as enormes distâncias, o descon-
forto de navios, carros de bois e ferrovias, além dos perigos de toda natureza a que estavam sujeitos, causa espanto
encontrar tantas mulheres, dentre os viajantes, que ousaram deixar a segurança de seus lares, suas famílias e enfren-
tar o preconceito, as novas fronteiras, o desconhecido.
DUARTE, Constância Lima; MUZZART, Zahidé Lupinacci. Pensar o outro ou quando as mulheres
Revista Estudos Feministas. vol.16 n.3. Florianópolis. Setembro/dezembro. 2008. Apresentação.
Disponivel em: . Acesso em: 12 ago. 2012.
ajam.
a) Avoz do pensador Octavio lanni, autor do texto 1, foi empregada no texto 2 com um propósito discursivo.
Explique a relação que se estabelece entre a citação de lamni e o texto 2
b) A diferença de sentido entre as frases abaixo é decorrente da posição do adjunto adverbial “durante muito tempo”.
Justifique essa afirmativa, explicitando a diferença
i) “Apesar de consideradas pela crítica, durante muito tempo, uma manifestação menor da literatura, as narrativas de
viagem viveram momentos de glória no passado.”
Apesar de consideradas pela crítica uma manifestação menor da literatura, as narrativas de viagem, durante muito
tempo, viveram momentos de glória no passado.