Onde eu cresci, no Bairro Benfica, em Benguela, havia
homens de todas as línguas, sofrendo as mesmas amargu-
ras. O primeiro bando a que pertenci tinha mesmo meninos
brancos, e tinha miúdos nascidos de pai umbundo, tchokue,
kimbundo, fiote, kuanhama. [...] Qual é a minha língua, eu,
que não dizia uma frase sem empregar palavras de línguas
diferentes? E agora, que utilizo para falar com os camaradas,
para deles ser compreendido? O português. A que tribo ango-
lana pertence a língua portuguesa?
(Pepetela. Mayombe, 2013.)
O romance Mayombe foi escrito entre 1970 e 1971, durante a
participação de seu autor na guerra de libertação de Angola.
No excerto, um personagem guerrilheiro
(A) considera o idioma do colonizador um fator essencial no
processo de emancipação política.
(B) disserta sobre a formação histórica da unidade étnico-
-cultural do continente africano.
(C) projeta uma organização estatal independente do pluri-
culturalismo das sociedades africanas.
(D) reafirma a impossibilidade de entendimento político dura-
douro dos futuros Estados independentes.
(E) manifesta-se favorável à participação de partidos metro-
politanos na luta de independência.